quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

José Régio



José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.


Cântico Negro

 
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura!
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
 
 
Na voz de Maria Bethânia - Cântico Negro
 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Gilberto Freyre


Filho de Alfredo Freyre, juiz e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife e de D. Francisca de Mello Freyre. Descendente de indígenas, espanhóis, portugueses e neerlandeses, Gilberto Freyre inicia seus estudos frequentando o jardim da infância do Colégio Americano Gilreath, em 1908. Faz seu primeiro contato com a literatura através das As Viagens de Gulliver. Todavia, apesar de seu interesse, não consegue aprender a escrever, fazendo-se notar pelos desenhos. Toma aulas particulares com o pintor Telles Júnior, que reclama contra sua insistência em deformar os modelos. Começa a aprender a ler e escrever em inglês com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.

Em 1909 falece sua avó materna, que vivia a mimá-lo por supor ser o neto retardado, pela dificuldade em aprender a escrever. Ocorrem suas primeiras experiências rurais de menino de engenho, nessa época, quando passa temporada no Engenho São Severino do Ramo, pertencente a parentes seus. Mais tarde escreverá sobre essa primeira experiência numa de suas melhores páginas, incluída em Pessoas, Coisas & Animais.

Freyre estudou na Universidade de Columbia nos Estados Unidos onde conhece Franz Boas, sua principal referência intelectual. Em 1922 publica sua tese de mestrado "Social life in Brazil in the middle of the 19th century" (Vida social no Brasil nos meados do século XIX,)dentro do periódico Hispanic American Historical Rewiew, volume 5. Com isto obteve o título Masters of Arts.Seu primeiro e mais conhecido livro é Casa-Grande & Senzala, publicado no ano de 1933. Em 1946, Gilberto Freyre é eleito pela UDN para a Assembléia Constituinte e, em 1964, apoia o contragolpe militar que derruba João Goulart. A seu respeito disse Monteiro Lobato:

O Brasil do futuro não vai ser o que os velhos historiadores disserem e os de hoje repetem. Vai ser o que Gilberto Freyre disser. Freyre é um dos gênios de palheta mais rica e iluminante que estas terras antárticas ainda produziram.


Ocupou a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras em 1986.

Casa-Grande & Senzala - Gilberto Freyre



Casa-Grande & Senzala foi um livro escrito pelo autor brasileiro Gilberto Freyre, e publicado em 1 de dezembro de 1933.


Através dele, Freyre destaca a importância da Casa Grande na formação sociocultural brasileira bem como a da senzala que complementaria a primeira.

Na opinião de Freyre, a própria estrutura arquitetônica da Casa-Grande expressaria o modo de organização social e política que se instaurou no Brasil, qual seja o do patriarcalismo. Isto posto que tal estrutura seria capaz de incorporar os vários elementos que comporiam a propriedade funciária do Brasil colônia. Do mesmo modo, o patriarca da terra era tido como o dono de tudo que nela se encontrasse como escravos, parentes, filhos, esposa, etc. Este domínio se estabelece de maneira a incorporar tais elementos e não de excluí-los. Tal padrão se expressa na Casa-Grande que é capaz de abrigar desde escravos até os filhos do patriarca e suas respectivas famílias.

Neste livro o autor tenta também desmistificar a noção de determinação racial na formação de um povo no que dá maior importância àqueles culturais e ambientais. Com isso refuta a idéia de que no Brasil se teria uma raça inferior dada a miscigenação que aqui se estabeleceu. Antes, aponta para os elementos positivos que perpassam a formação cultural brasileira composta por tal miscigenação (notadamente entre portugueses, índios e negros).

Leonardo Boff


Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. É neto de imigrantes italianos da região do Veneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX.Fez seus estudos primários e secundários em Concórdia-SC, Rio Negro-PR e Agudos-SP. Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959.

 Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).

 Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade".

 É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos.

 De 1970 a 1985, participou do conselho editorial da Editora Vozes. Neste período, fez parte da coordenação da publicação da coleção "Teologia e Libertação" e da edição das obras completas de C. G. Jung. Foi redator da Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984), da Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e da Revista Internacional Concilium (1970-1995).

 Em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder", foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa das Fé, ex Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso" e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Dada a pressão mundial sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo retomar algumas de suas atividades.

Genebaldo Freire


Brasileiro, Pedrinhas, SE, 3 de março de 1949



gfreire@ucb.br / genebaldo5@gmail.com




2. Formação:

Bacharel (BD)) , Mestre (M.Sc) e Doutor (PhD) em Ecologia, UnB, Brasília, DF



3. Ocupação atual: Professor, Pesquisador e Diretor do Programa de Mestrado e Doutorado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB), onde também coordena o Projeto de Educação Ambiental.


4. Principais Livros Publicados:

- Populações marginais em ecossistemas urbanos (IBAMA, Brasília)

- Educação Ambiental – princípios e práticas (Gaia, SP)

- Atividades interdisciplinares de educação ambiental (Gaia, SP)

- Pegada Ecológica e sustentabilidade humana (Gaia, SP)

- Ecopercepção (Gaia, SP)

- Antropoceno – iniciação à temática ambiental (Gaia, SP)

- 40 contribuições pessoais para a sustentabilidade (Gaia, SP)

- Educação e Gestão ambiental (Gaia, SP)



Em processo de publicação:



- Fogo, sonhos e desafios (Prevfogo/Ibama, Brasília, DF);

- Queimadas e Incêndios Florestais – cenários e desafios: subsídios para a educação ambiental (Prevfogo/Ibama, Brasília, DF);

- Mudança ambiental global – cenários, desafios, governança e oportunidades (prelo);

- Relatório Homo Sapiens (prelo)

- Dinâmicas e experimentação para educação ambiental (prelo)



5. Principais cargos exercidos na área ambiental:

- Diretor da Área de Controle de Poluição da Secretaria Extraordinária do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do DF , 1987/1988;

- Secretário Adjunto da Secretaria de Ecossistemas da SEMA/MINTER, novembro ,1988;

- Chefe da Divisão de Educação Ambiental do IBAMA, Brasília, 1989;

- Diretor do Parque Nacional de Brasília (Parque da Água Mineral), IBAMA , Brasília, 1992/95 e Coordenador do Núcleo de Educação Ambiental (1998 – 2006);

- Coordenador do Projeto de Educação Ambiental da UCB (1999- );

-Coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação Ambiental do Prevfogo- Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais /Ibama, Brasília, DF (2007 - );

- Diretor do Programa de Mestrado e Doutorado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília (2008 - ).

6. Experiência como professor:



Regência no 2º Grau

- Professor de Física, Colégio Estadual Duque de Caxias, Salvador, Bahia (1970-1973);

- Professor de Ciências, Inglês, Química, Física e Biologia da Fundação Educacional do DF, Brasília, DF ( 1974-2002)

- Professor de Química e Biologia do Centro Educacional La Salle, Brasília, DF, (1976- 1987);



Regência na Graduação:

- Professor da UCB nas seguintes disciplinas e cursos: “Métodos em Educação Ambiental” no Curso de Engenharia Ambiental; “Fundamentos de Educação Ambiental”, “Ecologia Urbana” , na Biologia; “Gestão Ambiental”, Administração.
Regência na Pós- Graduação
- Professor da disciplina “Proteção do Meio Ambiente” no III Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, Depto. Engenharia Mecânica, Universidade de Brasília (1989);

- Professor da disciplina Ecologia Humana no Curso Latu Sensu “ Ensino de Ecologia “ , Universidade Católica de Brasília ( 1991) ;

- Professor do “ Curso de Especialização em Educação Ambiental” da Universidade de Brasília, promovido pela CAPES/CNPq/UNESCO, Brasília (1988);

- Professor do “Curso de Especialização em Educação Ambiental “ da Universidade Federal do Mato Grosso, promovido pela UNESCO/CAPES/CNPq/IBAMA/OREALC, Cuiabá, MT ( 1992) ;

- Professor do “ Curso de Especialização em Educação Ambiental “ da Universidade Estadual de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, SC (1993, 1996, 1998,1999 e 2000 ) ;

- Professor do Curso de Especialização em Educação Ambiental e do Mestrado e Doutorado em Planejamento e Gestão Ambiental da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, Campus II, Brasília, (1997 - 2007);

- Professor no Mestrado em Gestão do Turismo e Meio Ambiente, da Universidade Latino-Americana e do Caribe, convênio com Universitat de les Illes Balears, Brasília, DF, 1999;

- Professor do Curso de Especialização em Educação Ambiental da Universidade Potiguar, Natal, RN, 1999;

- Professor do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental da Universidade Católica de Salvador (1999- 2007).

7. Consultorias

Área de Atuação



O prof. Genebaldo Freire atua como consultor independente, nas seguintes áreas:

- Implantação de Programas/Projetos de Educação Ambiental em instituições/empresas; pré-requesitos para a implantação de programas de gestão ambiental;

- Promoção de conferências e palestras de sensibilização sobre a temática ambiental;

- Promoção de cursos de formação para professores em fundamentos de educação ambiental, elaboração de projetos e cursos de atualização em práticas interdisciplinares de educação ambiental;

- Elaboração de recursos instrucionais e institucionais;

- Execução de auditorias em programas de aducação ambiental implantados.

Referências Principais:

1. Planejou, desenvolveu, implantou e avaliou o Programa de Educação Ambiental da Cetrel S.A., Pólo Petroquímico de Camaçari, Bahia (www.cetrel.com.br). Desenvolveu a Agenda 21 da Cetrel, a primeira unidade industrial brasileira a ter uma Agenda 21. Essa empresa de proteção ambiental, detentora do Sistema Integrado de Gestão (ISO-9000, ISSO-14.000 e OHSAS-18.000) ganhou vários prêmios da área ambiental e o Prêmio Nacional de Qualidade. É consultor da Cetrel desde 1997.
2. Planejou, implantou e avaliou o Programa de Educação Ambiental da Universidade Católica de Brasília (1999 – 2007), composto de etapas de diagnóstico, sensibilização e implantação de elementos de gestão ambiental como coleta seletiva, compostagem, preciclagem, central de reuso, conservação de energia elétrica, conservação da qualidade sonora, racionalização de uso da água (reuso), criação de corpo de voluntários e outros (www.ucb.br).

3. Planejou, implantou e coordenou o Programa de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília (Ibama, DF). Desenvolveu estratégias de atendimento ao público interno e externo. Montou o Centro de Visitantes e implantou diversos elementos de interpretação sócio-ambiental (ilha da meditação, riachinho, labirinto e outros elementos de senso-percepção) (1999 a 2006);

4. Universidade Livre do Meio Ambiente de Curitiba. Durante quatro anos formou grupos de pessoas da área ambiental, em fundamentos de Educação Ambiental (1992 a 1997).

Roberto Crema



Psicólogo e antropólogo do Colégio Internacional dos Terapeutas (CIT), formação em diversas abordagens humanísticas e transpessoais, criador do enfoque da síntese transacional (quinta força em terapia), consultor em abordagem transdisciplinar holística e ecologia do Ser. Foi o coordenador geral do I Congresso Holístico Internacional (1987) e implementador da Formação Holística de Base, no Brasil (1989). Membro honorário da Associação Luso-Brasileira de Psicologia Transpessoal (ALUBRAT), Fellowship da Findhorn Foundation (Escócia), coordenador do CIT-Brasil e reitor da Rede UNIPAZ.



Atritos


Roberto Crema




Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.


Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.

A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás,
vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas
extremamente importantes.


Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.

Outras, sem dúvidas,
com suas ações e palavras
me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas.
Faz parte...

Reveses momentâneos
servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.

Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida
como grandes pedras,
cheios de excessos.

Os seres de grande valor,
percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...


Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de Deus,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.


Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...


Pois, Deus fez a cada um de nós
com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor.


Deus deu a cada um de nós essa capacidade,
a de amar...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado,
faz parte da construção do aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.

Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!


Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado.

Michèle Sato




Cursei graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas (1982), mestrado em Filosofia (1992), doutorado em Ciências (1997) e pós-doutorado em Educação (2007). Atualmente é docente da Universidade Federal de Mato Grosso, docente credenciada na pós-graduação em ecologia da Universidade Federal de São Carlos, consultora – United Nations Educational Scientific And Cultural Organisation, – editora chefe da Revista Brasileira de Educação Ambiental, perita – Japan International Cooperation Agency, facilitadora das Redes de Educação Ambiental de: Mato Grosso (REMTEA), Brasil (REBEA) e internacional (REDELUSO). É consultora ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Tem experiências nacionais e internacionais na área de Educação Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: sustentabilidade – arte – fenomenologia – mitologia – ecologismo





A EDUCAÇÃO AMBIENTAL TECIDA PELAS TEORIAS BIORREGIONAIS

Michèle Sato

Blog: http://mimisato.blogspot.com/



Imaginemos uma localidade rural, distante dos ruídos das fábricas, fumaças de poluição, outdoor do MacDonald, ou atropelamentos marcados pela inabilidade humana em se promover atenção à solidariedade no trânsito. Há um recanto dos pássaros, de tuiuiús com ninho na copa de uma árvore, sofrendo pela envergadura de suas grandes asas e que, inevitavelmente, esbarram nos primeiros fios elétricos que trazem a modernidade em uma região distante dos modos de vida da sociedade branca, capitalista e ocidentalizada em sua urbanidade. Esta região não está esquecida, seus habitantes fazem parte dos números que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) contabiliza para aferir o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), através de somente três indicadores: longevidade, escolaridade e Produto Interno Bruto (PIB). Seus habitantes recusam ser excluídos da “qualidade de vida” e, teimosamente, lutam para que suas vidas sejam narradas - talvez para eles, Gabriel García Marques tenha razão: a vida não é apenas para ser vivida, mas deve ser lembrada e eloquentemente narrada para que não se perca o fio da história.

Antônio Gramsci




     Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20, co-fundador do Partido Comunista Italiano.
     Nascido em Ales, na Sardenha, em uma família pobre e numerosa, filho de Francesco Gramsci, Antonio foi vítima, antes dos 2 anos, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento. No entanto, foi um estudante brilhante, e aos 21 anos conseguiu um prêmio para estudar Letras na universidade de Turim.
     Gramsci freqüentou os círculos socialistas e entrou para o Partido Socialista em 1913. Transformou-se num jornalista notável, um escritor articulado da teoria política, escrevendo para o "L´Avanti", órgão oficial do Partido Socialista e para vários jornais socialistas na Itália.
     Em 1919, rompeu com o partido. Militou em comissões de fábrica e ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano em 1921, junto com Amadeo Bordiga.
     Gramsci foi à Rússia em 1922, onde representou o novo partido e encontrou Giulia Schucht, uma violinista com quem se casou e teve 2 filhos. A missão russa coincidiu com o advento do fascismo na Itália. Gramsci retornou com a missão de promover a unidade dos partidos de esquerda no seu país.
     Em 8 de novembro de 1926, a polícia fascista prendeu Gramsci e, apesar de sua imunidade parlamentar, levaram-no à prisão. Recebeu uma sentença de cinco anos de confinamento e, no ano seguinte, uma sentença de 20 anos de prisão em Turi, perto de Bari.
     Um projeto para trocar prisioneiros políticos entre a Itália e a União Soviética falhou em 1932. Dois anos depois, bastante doente, ganhou a liberdade condicional, para tratar-se em hospitais. Morreu em Roma, aos 46 anos.
     Gramsci escreveu mais de 30 cadernos de história e análise durante a prisão. Conhecidas como "Cadernos do Cárcere" e "Cartas do Cárcere", contêm seu traço do nacionalismo italiano e algumas idéias da teoria crítica e educacional. Para despistar a censura fascista, Gramsci adotou uma linguagem cifrada, em torno de conceitos originais ou de expressões novas. Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
     Suas noções de pedagogia crítica e instrução popular foram teorizadas e praticadas décadas mais tarde por Paulo Freire no Brasil. Gramsci desacreditava de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, para a conquista da cidadania, seria a escola.
     Gramsci promoveu o casamento das idéias de Marx com as de Maquiavel, considerando o Partido Comunista o novo "Príncipe", a quem o pensador florentino renascentista dava conselhos para tomar e permanecer no poder. Para Gramsci, mais ainda do que para Maquiavel, os fins justificam os meios e qualquer ato só pode ser julgado a partir de sua utilidade para a revolução comunista.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Crescimento econômico e Meio Ambiente



Meio ambiente significa vida, a natureza é perfeita e nela tudo é belo, quando se deparamos em crescimento econômico, vem à pergunta de onde tirar a energia e matéria-prima para sustentar esse crescimento, é da natureza que retiramos essa fonte.  
Hoje o Brasil é considerado um exemplo de administração depois da crise mundial de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi considera em 2010 um estadista global, olhares se voltaram para nosso país. O Brasil cresceu e com ele o seu povo, as pessoas começaram a invadir terrenos de preservação, morros foram ocupados sem o mínimo de controle do governo, mas a resposta da natureza veio, em janeiro de 2010 aconteceu uma das maiores tragédia do nosso país, morros foram abaixo, ceifando várias vidas. Foi culpa da natureza?
Eu ressalto que a natureza é perfeita, meio ambiente significa vida, mas não é por isso que ele não tira vidas, o homem quando decidiu destruir a natureza, recebeu respostas. Em todas as nações existem animais extintos, o ser humano destrói o seu habitat natural para crescer sua economia. A extração de madeira foi por muitos séculos a pior forma de agredir o meio ambiente, mas vieram os veículos motorizados, eles dominaram todos os países do mundo, começou a super poluição, a cor do ar das cidades mudou para cinza e é essa cor até hoje predominante nas grandes cidades.
O Brasil tem em seu território a maior parte da floresta amazônica, a mesma tem a maior biodiversidade do mundo, com espécies ainda não catalogadas, mas o desmatamento, na floresta é grande apesar de a fiscalização ter aumentando, as queimadas são responsáveis pelo aumento de calor e de grandes períodos de secas, não é culpa do meio ambiente e sim do homem quer age sem pensar na terra que alimenta ele e sua família.
Não é tarde para salvar a Terra, mas é preciso esforço de todos, sem o meio ambiente a vida não podemos existe sem o ar, a água e o alimento. A natureza oferece elementos básicos para a sobrevivência, mas as florestas clamam por socorro, não se pode esperar temos que agir se quisermos que nossos filhos e netos não passem fome e nem falta de água.